Ouviu-se um grito úmido
naquele escuro intocado.
Ela assustou-se e fechou a janela.
Vasculhou, sem pressa, a própria imensidão.
Sim, o berro ainda podia ser visto ali,
pendurado na cauda de uma baleia.
Ela sorriu diante do espelho,
acendeu uma vela com o olho esquerdo.
A luz, suave, amansou a baleia,
como se qualquer voz encharcada
jamais pudesse se exceder novamente
dentro dela.
Raphaela Ramos